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Ansiedade de separação e a volta às aulas

Ansiedade de separação no início da vida escolar e na volta às aulas durante a pandemia.



A fase escolar é um importante estágio em que a criança vivenciará momentos de muita aprendizagem, expansão de repertório e do seu ambiente social. Contudo, durante o início das aulas é comum os pequenos demonstrarem medo, insegurança e choro, sintomas relacionadas à ansiedade de separação da sua figura de apego e segurança, comumente associada aos pais

Sintomas de ansiedade da separação usualmente têm pico entre nove e treze meses de idade, decrescem usualmente depois dos dois anos de idade, com aumento dos níveis de autonomia por volta dos três anos de idade. Sintomas de ansiedade de separação podem aumentar novamente a partir dos quatro aos cinco anos de idade, usualmente quando a criança inicia a escola.”(Figueroa, Soutullo, Ono & Saito, 2015).

Primeiramente, é importante entender que o choro é uma forma de comunicação para a criança expressar seus sentimentos e frustrações. Da mesma maneira, é natural o sentimento de apreensão, introversão e medo, pois ela será inserida em um ambiente desconhecido.


É importante salientar que os pais são fundamentais para a construção da autonomia da criança, podendo auxiliar no processo de enfrentamento e adaptação:


· Demonstre segurança: a criança pode sentir-se abandonada e temer ser esquecida ou deixada para trás. Como figuras de afeto e cuidado, é imprescindível que os pais passem segurança aos filhos de que ele está em um lugar divertido, seguro, com pessoas muito legais e que vocês se verão em poucas horas. Apresente-o às novas professoras e incentive-o a aproveitar e fazer novos amiguinhos.


· Dialogue: converse com o pequeno sobre a novidade de ir para a escola. Conte o que é, tire suas dúvidas. Utilize-se de histórias, brincadeiras ou desenhos, pois o lúdico é um universo de grande aprendizagem nessa faixa etária.


· Acolha suas emoções: escute seu filho e converse com ele, demonstrando que você entende esse sentimento e que é natural quando vivenciamos algo novo.


· Cuide das suas emoções: a ansiedade de separação também pode ser vivenciada pelos adultos, por isso, é primordial que os pais busquem ter calma e confiem na escola, passando essa segurança para a criança. Além disso, saiba que os pequenos são extremamente adaptativos e precisam apenas de um tempo de adaptação, logo, confie na capacidade de seu filho em superar a frustração.


· Demonstre interesse pela vida escolar do seu filho: é importante acompanhar e entender como a criança está se sentindo no novo ambiente. Converse sobre a escola, veja as atividades realizadas, desenhem juntos sobre temas relacionados a essas vivências e incentive-o nesse processo de socialização e aprendizagem.


Quando procurar ajuda?

É importante observar o comportamento do seu filho para identificar se o sofrimento é intenso e contínuo. Em situações normais, a criança deve se acalmar após alguns minutos, melhorando a receptividade ao ambiente escolar com o passar dos dias (adaptação).


Se o processo de separação é vivenciado com estrema angústia, medo ou ansiedade, de maneira persistente, causando sofrimento e prejuízo social, comportamento evitativo da situação e, em alguns casos, gerando sensações corporais (enjoo, vomito, dor abdominal, desmaios), pode ser o momento de pedir ajuda a um profissional, como o psicólogo ou o pediatra. Tais características podem estar relacionadas ao Transtorno de Ansiedade de Separação (DSM-V), contudo, é importante entender a singularidade de cada criança, sem limitá-la a um diagnóstico.


Volta às aulas durante a pandemia


Com um longo período de afastamento das salas de aula e todos os protocolos de segurança que, certamente, afetarão a rotina da escola, é esperado que as crianças apresentem algum grau de ansiedade durante o processo de retorno às aulas presenciais.


Desta maneira, é importante se lembrar da importância de fazer uma transição de uma maneira leve, preparando a rotina familiar com antecedência, estabelecendo os novos horários, mantendo os momentos de convivência familiar, de diálogo e de interesse e participação na vida escolar da criança.


Busque orientação da escola quanto às medidas adotadas, tanto de segurança quanto de socialização, e oriente seu filho. Isso ajuda a diminuir o medo e a insegurança diante do desafiador cenário mundial de enfrentamento à COVID-19.


Referências citadas:

Figueroa A, Soutullo C, Ono Y, Saito K. Ansiedade de separação. In Rey JM (ed), IACAPAP e-Textbook of Child

and Adolescent Mental Health. (edição em Português; Dias Silva F, ed). Genebra: International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions 2015.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.


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